Tux

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    Alerta de gatilho: esta reportagem contém relatos explícitos de assédio e abuso sexual.
    Dois dias de medo e abuso

    Um dos alunos do Grupo de Pesquisa Crítica do Direito e Subjetividade Jurídica relatou ter sido abusado sexualmente por Alysson ao longo de dois dias. Ele não morava em São Paulo, mas contou que foi à cidade para assistir a uma aula na USP a convite do professor, que ofereceu hospedagem em sua casa, um apartamento localizado no centro da capital.

    O aluno havia conhecido Alysson através de transmissões no YouTube em 2020, enquanto pesquisava por teóricos juristas de esquerda. Em 2022, ele se inscreveu no grupo de pesquisa organizado pelo professor e vinculado à USP. Para ser aceito, destacou, teve de passar por uma entrevista em chamada de vídeo com Alysson que durou quatro horas.

    Ao longo dessa conversa, o aluno pontuou que Alysson falou sobre como era uma pessoa influente, com amigos no Supremo Tribunal Federal e amizade com advogados importantes, além de “pupilos” que seriam desembargadores. “Justamente para criar essa aura”, disse o aluno ao Intercept. Na conversa, afirmou ele, Alysson fez analogias entre o aluno e ele com Platão e Sócrates. Outras vítimas relatam ter ouvido o professor fazer a mesma analogia.

    “Ele fala essas coisas para criar uma sensação, para você ficar encantado e pensar: ‘nossa, ele está vendo um valor em mim que quase ninguém viu’. É para captar”, relatou o estudante.

    Já nessa primeira conversa, segundo o aluno, Alysson o convidou para ir a São Paulo. “Eu fiquei muito animado, em êxtase, porque tenho todos os livros dele aqui, livros dos orientandos dele. Vi todas as lives e palestras dele no YouTube”, disse.

    Quando chegou ao apartamento de Alysson, o estudante afirmou que o professor o abraçou e disse: “finalmente você está aqui, meu pupilo querido, dê um abraço em seu mestre, finalmente podemos dar esse abraço”. Ele relatou que, em seguida, Alysson começou a passar a mão no corpo do estudante, colocar a mão por dentro de sua roupa e tirar a própria camisa. Depois, teria passado a beijar o pescoço do aluno e tentar beijar sua boca.

    “Foi aí que eu percebi: vou ser estuprado. Eu pensava: ‘caí na cova do leão, vou ser estuprado’”, disse o aluno ao Intercept. Ele contou que pensou em fugir, mas avaliou que o professor, por ser um homem alto, poderia alcançá-lo e machucá-lo. Afirmou que também pesou o poder de influência que Alysson lhe disse que tinha – e que uma eventual fuga poderia prejudicá-lo por conta de alguma interferência do professor.

    “Ele tem todo esse poder que falou que tinha, que tem contato para dar com pau, desde o Supremo Tribunal Federal até o Ministério Público, Judiciário, alto escalão. Se eu sair daqui, ele me mata, ou ele me apaga e me estupra apagado ou ele me fode depois se eu acusar ele”, relatou o aluno.

    Ao longo desse dia e do seguinte – quando ele retornou à sua cidade – o estudante disse ter sido abusado ao menos sete vezes. Em uma delas, afirmou ter pedido ao professor que parasse – mas foi ignorado. Durante os abusos, segundo o aluno, Alysson lhe pedia para dizer que o amava e que abraçasse “seu mestre”.

    “Tinha momentos que eu pensava: ‘vou entrar no jogo, vou fingir que estou amando porque aí ele goza logo e acaba essa porra desta merda que está acontecendo comigo”, pontuou.

    O aluno ainda relatou que o professor não usou preservativo, o que o deixou preocupado. Ele contou que chegou a questionar Alysson sobre o risco de doenças venéreas, mas recebeu apenas uma resposta evasiva.

    O estudante também afirmou que, ao longo dos dois dias, o professor expôs o nome de outros alunos e orientandos com quem já teria se relacionado sexualmente. Quando andavam pela cidade, citou em seu relato, Alysson forçava beijos, inclusive dentro da Faculdade de Direito da USP, quando ninguém estava por perto.