Com o avanço de um mundo multipolar, as contradições de uma Ciência eurocêntrica fica mais clara. Mas que outro tipo de visão podemos realmente ter fora de uma Ciência no modelo atual - eurocêntrica e voltada para a língua inglesa?
O quanto estamos perdendo em qualidade ou capacidade de conhecimento cedendo a essa realidade “científica” eurocêntrica?
Para onde vocês pensam que o mundo poderia evoluir em outros modelos que, futuramente, talvez possamos desenvolver?
Nosso grande mestre Milton Santos se aprofundou muito nesse assunto: https://drive.google.com/file/d/0By2YEPBv-ZQ2Q3d0YjBuNXZGdms/view?resourcekey=0-hSizEG5ZoNb_cidhIY341A
Caso não conheça essa obra, recomento a leitura. Faz muito tempo em que li, mas lembro de como ele descreve nosso sistema de globalização e sua perversidade sistêmica e traz também propostas de como a periferia poderia reagir, considerando que nosso modelo atual é irreversível.
NA MINHA ÁREA Eu tive uma experiência acadêmica onde eu fiz uma graduação em música, erudita, europeia, etc. E aí meio que a escolástica do negócio contamina demais a liberdade escolher um currículo acadêmico não-eurocentrificado…
por exemplo:
Pessoas que queriam passar a maior parte da graduação tocando música erudita, só que brasileira, de todos os tipos (obras clássicas, românticas, modernas)… Essas obras brasileiras são como um Mozart, um Haydn, um Bach ou qualquer coisa que cumpra estilísticas Europeias, mesmo sendo compostas tardiamente em terras nacionais. A maioria das pessoas que tinha esse desejo de se formar “só com música brasileira” era explorar os compositores complexos(acadêmicos) como Gilberto Mendes e do campo mais sintético Vânia Dantas Leite. Basicamente, é quase que impossível se formar só com música brasileira. Inevitável ! Na hora de tocar pra uma banca tem que “mamar na teta” do alemão, sentar como o francês, etc…
O que estamos perdendo ?
Oportunidades de estudar a própria cultura
Como evoluir ?
Dar liberdade pro acadêmico escolher realmente o que quer estudar.
#música
Só retificando uma situação, não tive problemas em tocar música europeia no percurso, mas passei lombriga das pecas latino-americanas e brasileiras que poderia ter estudado.
No caso da música erudita, com o que você acha que o brasileiro poderia substituir? Tem algum vídeo de uma música estritamente brasileira, por exemplo?
Referimo-nos à origem natal do autor ao dizer que não podemos tocar coisas só de “gente que nasceu” no Brasil por assim dizer… Os primeiros pianistas como Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga, embora compondo em técnicas de musica advindas da Europa tem linguagem composicional bem nacional. O estudo etnomusicológico vai atrás das origens das obras e evolução dos estilos. Por exemplo, já escutou algum Lundú do periodo colonial ? Ou talvez cantigas de bata de milho, feijão, etc
https://www.youtube.com/watch?v=bn0zvmGlUlI
https://www.youtube.com/watch?v=2oAmgUJZxGw
https://www.youtube.com/watch?v=tmWINp74vqw
As coisas começam a mudar um pouco com Villa Lobos e o governo Vargas…
Eu acho que precisamos de falas brasileiras sobre o que é o Mundo, sobre a relação de poder entre as pessoas, entre outras opiniões e direções que podemos tomar.
Aproveitando que estamos falando de música, acho incrível como “Imagine” (que tocou na abertura das Olímpiadas de Paris) simboliza essa situação de globalização. Havia esse espírito nos anos 70 e 80, em que artistas selecionados por selos musicais dos Grandes Estúdios, falavam sobre a união da humanidade. É incrível como isso bota a Europa num papel de Jesus Cristo, como os próprios Beatles se compararam uma vez. Até eles tinham noção disso.